Segundo a polícia, aproximadamente 152 cargas foram desviadas no período de um ano.
Por g1 MT
Nessa segunda-feira (26), a Polícia Civil, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (Gcco), cumpriu 26 ordens judiciais, durante operação Safra 2, contra alvos investigados por integrar uma associação criminosa envolvida no furto e desvio de cargas de grãos em Mato Grosso, com ramificação em outros estados do País.
Foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e temporária, busca e apreensão e sequestro de bens, em Nova Mutum, Sinop e Cuiabá.
As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Criminal de Sorriso e integram a Operação Safra 2 que apura a participação de 79 pessoas investigadas pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado, receptação qualificada, falsificação de documento e uso de documentos falsos.
O cumprimento dos mandados contou com apoio da Delegacia Regional de Sinop, por meio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos; e da Delegacia de Nova Mutum.
Prejuízos
A atuação do grupo criminoso responsável pelo furto de cargas de soja e milho, causou um prejuízo superior a R$16 milhões a diversas empresas transportadoras e seguradoras ligadas ao setor do agronegócio mato-grossense, segundo as investigações foram conduzidas pela Divisão de Combate ao Roubo/Furto de Cargas da GCCO
A operação policial tem como alvos caminhoneiros e outros integrantes da associação criminosa, que tinham funções definidas como líderes do grupo, aliciadores, receptadores, falsificadores e financiadores dos crimes, além de cinco empresas transportadoras e beneficiadoras de grãos.
A Operação Safra 2 dá sequência às investigações da GCCO iniciadas em 2021 para a repressão qualificada a grupos criminosos que insistem em atacar a principal atividade econômica do estado.
Modus operandi
O grupo criminoso atraía os motoristas de caminhões, antes mesmo que eles carregassem os veículos. Depois que iniciavam o transporte dos grãos, em vez de seguirem para o destino, que na maioria das vezes era o porto de Miritituba (PA) ou em Rondonópolis, os motoristas desviavam as cargas para as empresas investigadas, localizadas nos municípios de Nova Mutum e Cuiabá.
Gustavo Belão, delegado responsável pela investigação, explicou que, após entregar as cargas nas empresas receptoras, os motoristas recebiam dos aliciadores os pagamentos, cerca de R$ 25 mil por carga desviada, além de um ticket falso de descarga.
“Esses tickets eram repassados pelos motoristas para as empresas vítimas, dando aparência de licitude e ludibriando as transportadoras, pois indicavam que as cargas teriam sido entregues no destino final. Contudo, após um período, as empresas vítimas entravam em contato com os portos para onde as cargas deveriam ter sido entregues e descobriam que os produtos nunca chegaram ao destino e que os tickets apresentados eram falsos”, disse.
Segundo o delegado, as investigações apuraram que, aproximadamente, 152 cargas foram desviadas no período de um ano, o que representa mais de 6 milhões de quilos de soja.
Belão ainda destacou, que as medidas cautelares e os sequestros de bens, tem o objetivo de ressarcir as vítimas e, buscar ainda, cessar a atividade criminosa da quadrilha.
“As medidas cautelares representadas pela Polícia Civil, dentre elas o arresto de bens móveis e imóveis, têm por objetivo o ressarcimento dos prejuízos causados às vítimas e cessar a atividade criminosa da quadrilha e, principalmente, restabelecer a ordem pública e a sensação de segurança do setor do agronegócio no estado de Mato Grosso, disse.
Operação Safra 1
Em julho de 2021, a Polícia Civil de Mato Grosso desmantelou uma organização criminosa baseada no estado de São Paulo que atuava no furto e roubo de cargas de grãos em território mato-grossense e em outras unidades da federação.
As investigações iniciaram na Delegacia de Paranatinga, que apurou os furtos de duas cargas de soja ocorridos em março deste ano. A partir de outras ocorrências registradas nas cidades de Sorriso e de Ipiranga do Norte, a Gerência de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil de Mato Grosso identificou o esquema criminoso envolvendo uma empresa de transportes sediada no município de Assis e utilizada para a prática dos crimes.
Durante anos, o proprietário e demais integrantes da quadrilha desviaram toneladas de grãos em Mato Grosso, conforme constam em mais de 40 boletins de ocorrência registrados pelas empresas proprietárias das cargas.
A investigação da Polícia Civil apontou que o proprietário da empresa, que foi preso, e o grupo criminoso liderado por ele atuavam como ‘piratas’ ao entrar no estado para furtar as cargas e depois sair com o dinheiro obtido nas vendas criminosas.
A apuração ainda apontou que a quadrilha utilizava-se das mais variadas fraudes, aproveitando-se falhas no sistema de controle das fazendas e das transportadoras contratantes. Depois de praticarem os furtos, voltavam à cidade de Assis levando o “espólio”, valores em dinheiro.