Padre da Paróquia São Paulo Apóstolo de Carlinda (MT), Ramiro José Perotto foi intimado a prestar esclarecimentos à Polícia Civil hoje, após o Ministério Público Estadual (MPE) requisitar a instauração de uma investigação criminal por suposto crime de apologia ao estupro.
O pedido acontece dias depois de Ramiro comentar o caso da criança de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio no Espírito Santo. Na publicação, o religioso afirmou que a vítima teria “compactuado com tudo”. Procurado pelo UOL, Ramiro não quis comentar sobre a investigação e disse que, para ele, “é assunto encerrado”.
De acordo com o MPE, a promotora Laís Rezende, responsável pelo pedido, enviou um ofício para a paróquia onde o padre atuava, pedindo informações sobre as providências administrativas de apuração da conduta do religioso.
O UOL também tentou entrar em contato com a Paróquia São Paulo Apóstolo de Carlinda, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. No pedido, a promotora justificou que a instauração do procedimento criminal ajudaria a averiguar possível cometimento de crime de apologia ao estupro, na modalidade de incentivo. Segundo a Polícia Civil, o delegado responsável, Pablo Carneiro, instaurou um Termo Circunstanciado de Ocorrência para investigar o caso na sexta (21). Em uma das postagens, Ramiro chegou a questionar a inocência da criança e disse que ela estava “estava gostando” dos abusos.
“Duvido uma menina ser abusada com 6 anos, por 4 anos, e não falar nada. Aposto minha cara. Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente kkk. Gosta de dar então assuma as consequências”, afirmou em trecho do comentário. As publicações foram feitas por Ramiro no dia 17 de agosto e, em carta aberta à imprensa, o padre assumiu a autoria das postagens. No texto, ele justificou que compartilha da “defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos”.
Ramiro também afirmou que não teve intenção de proferir palavras de “baixo calão”. “Aqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão. Excluí meu Facebook por não querer mais ofender e ser ofendido. Precisamos ser fraternos. Sempre preguei isso. As vezes que não fui, que Deus me perdoe. Lutemos pela vida, ela é dom de Deus. ‘Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância’ Jo. 10,10”, finalizou o padre. A Defensoria Pública de Mato Grosso publicou uma nota de repúdio sobre o comportamento de Ramiro, onde ressaltam que “qualquer ato de cunho sexual envolvendo crianças e adolescentes menores de 14 anos é absolutamente vedado por lei e constitui crime”.
Conforme o órgão, tais crimes merecem reprovação não apenas das autoridades, mas também da sociedade, incluindo líderes religiosos. “É inadmissível que um representante da Igreja Católica, instituição com grande influência na sociedade na qual está inserida, se valha das redes sociais, com largo alcance, para disseminar ódio e fazer apologia à cultura do estupro, transferindo a responsabilidade do fato criminoso para a vítima”, consta em trecho da nota.
FONTE: UOL