Ônibus com apenas uma saída desagrada usuário por desconforto e insegurança

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Maior reclamação é que veículos dificulta descida, especialmente quando cheios, e gera insegurança

Por Ana Luiza Queiroz, da Redação

Apesar do investimento da Prefeitura de Cuiabá nos novos 144 ônibus que estão circulando na cidade desde agosto de 2021, o conforto prometido está longe de ser o esperado, segundo usuários ouvidos pelo Jornal do Ônibus MT.

Além disso, conforme apontam, os riscos de segurança para os usuários, devido às características dos novos veículos.

Com a inclusão de elevadores para PCDs, ar-condicionado e wi-fi, era de se esperar que a qualidade dos transportes públicos estivesse garantida e, portanto, que a população ficasse satisfeita com essas mudanças.

Entretanto, a realidade é diferente. Com os ônibus feitos para atender o novo modal do BRT que será implantado na capital e a mudança no sistema de portas de saída, foram criados outros problemas relatados pelos usuários do transporte público.

A maioria dos ônibus possui apenas uma porta de saída na altura da rua, localizada bem no meio do transporte logo após a roleta.

Por conta disso, nos horários de pico é especialmente difícil sair do coletivo com facilidade levando em conta a quantidade de pessoas que atrapalham o caminho daqueles que estão no fundo do coletivo.

E ainda que as outras portas estejam abertas, a altura do piso delas é desconfortável em comparação com a da rua e muitas pessoas, principalmente idosos, acabam tendo dificuldade em descer do ônibus com segurança.

A implantação de outras portas também acaba ocupando mais espaço dentro do ônibus, o que diminui o número de assentos.

Na questão da segurança, observa-se que em caso de evacuação por conta de algum sinistro, a existência de apenas uma porta de saída e a altura da escada dificultará uma ação imediata, comprometendo a vida dos usuários.

Além dos problemas relacionados à estrutura dos novos ônibus circulando pela capital, também existe um problema com a quantidade de ônibus que atendem a população.

Existem poucos ônibus para o crescente número de usuários e isso acaba causando uma superlotação dentro dos transportes públicos, o que apenas agrava os problemas relatados.

Ari Miranda, 35 anos, jornalista e morador do bairro Planalto em Cuiabá, usuário frequente do transporte coletivo da capital, reclama dos novos ônibus da sua linha: “Um dos principais problemas nas linhas em que utilizo (410, no trecho entre a Praça Maria Taquara e o bairro Santa Rosa) é o número de ônibus na linha no horário de pico. São poucos e demoram a chegar no ponto, gerando consequentemente a superlotação.”

Viagem de pé

Ele continua: “Outro fator negativo que atrapalha a vida dos usuários, tanto da linha que utilizo com frequência como de outras da cidade, está quando você pega um dos novos ônibus adquiridos pelas empresas de transporte da Capital. São pouquíssimos assentos e apenas uma porta de saída, localizada bem no meio do coletivo e que dificulta a descida dos passageiros nos pontos, especialmente se você estiver no fundo do carro”.

“Outro fator negativo dos novos ônibus adquiridos e que, como eles são preparados para o modal BRT, faltam assentos, o que obriga muitas pessoas a ficarem de pé, espremidas na região entre a única porta de saída e a roleta do coletivo, dificultando mais uma vez o embarque e desembarque”, agregou

Nathânia Ortega, 24 anos, estudante de Jornalismo e também usuária frequente do transporte coletivo, apresentou reclamações parecidas.

Ela diz: “Antigamente os ônibus tinham duas portas para você sair, mas hoje em dia só tem uma e isso dificulta muito em horários de pico. É horrível para descer do ônibus se você estiver no fundo, deslocar no ônibus lotado até a única saída que tem, que fica bem perto da roleta do ônibus. Também parece que tem poucos ônibus para quem está ali esperando, e eles sempre estão lotados, o que na pandemia é extremamente preocupante.”

É inegável que o planejamento dos novos ônibus foi feito visando a melhoria do transporte público na capital, entretanto, essas melhorias acabam por prejudicar a população quando feitas sem levar em conta a integração das linhas do BRT com as linhas normais e como essas mudanças podem afetar a comunidade que depende e usa o ônibus diariamente.

Também existe a preocupação que a porta única de saída não seja uma opção segura, afinal, em caso de alguma emergência, a saída dos passageiros pode acabar ficando comprometida dependendo do volume de pessoas dentro do ônibus, ao contrário dos ônibus antigos, que possuem duas portas e que podem ser mais seguros em meio a esse
tipo de situação por causa do maior número de aberturas.

Posição da Semob

A Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) de Cuiabá disse não haver possibilidade de risco para os usuários a existência de uma porta de saída nos novos veículos em caso de emergência.

O diretor de Transporte da Semob, Nicolau Jorge Budib, afirmou que a fabricação dos veículos foi feita dentro das normas de segurança. “A fabricação de ônibus no país é feita com normas estabelecidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e seguindo normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, afirmou.

Ele também enfatizou que existem outros meios de evacuação em caso de emergência. “Os coletivos que integram a frota da capital possuem janelas de emergência para situações atípicas”, explicou o diretor. “Oportuno lembrar que os carros com uma porta de saída não são exclusividade da Prefeitura de Cuiabá. Por exemplo, os ônibus rodoviários são do mesmo modelo em circulação na capital e ainda em capitais como o Rio de Janeiro e São Paulo”, pontuou.

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