Lucimar Sacre de Campos (DEM) é a segunda mulher a exercer o cargo de prefeita de Várzea Grande. A primeira foi Sarita Baracat, em 1966. Candidata a prefeita em 2012, ficando em segundo lugar na disputa, acabou assumindo o município em 2015 com a cassação do então prefeito Wallace Guimarães (MDB) por caixa 2. No ano seguinte foi reeleita com 95.634 votos, representando 76,16 % dos votos válidos. Apoio popular inquestionável. Chegando ao seu quinto ano à frente de Várzea Grande, e aos 65 anos, natural de Avaré (SP), Lucimar continua realizando uma administração bem avaliada por pesquisas. Servidores públicos recebem pagamento até o final de cada mês. Fornecedores estão em dia. Obras são realizadas. Mas qual o segredo de Lucimar?
Esposa do senador Jaime Campos (DEM), ex-primeira-dama de Várzea Grande e do Estado (Jaime foi prefeito de Várzea Grande e governador), Lucimar Campos construiu sua trajetória até 2015 atuando em áreas sociais. No governo Jaime Campos (1991/94) chegou-se a criar uma Liga Assistencial Amigas de Lucimar (LAAL), com forte presença em ações sociais. Admitindo ser torcedora do Operário de Várzea Grande e do Corinthians, nessa entrevista Lucimar fala da família, dos desafios da cidade, anuncia novas obras, pede tempo aos governo Bolsonaro e Mauro Mendes, cita possíveis candidatos do seu grupo político à sua sucessão e não descarta se desincompatibilizar da prefeitura para que o seu vice, José Hazama (PRTB), assuma a gestão. Nesse caso, certamente seria ele o candidato do grupo, já que poderia ir à reeleição. Ela cita também, porém, o vereador Chico Curvo (PSD) e os atuais secretários municipais César Miranda e Kalil Baracat como nomes que poderão assumir a disputa.
Acompanhe a entrevista:
MIDIA HOJE (MH): Prefeita Lucimar, pesquisas indicam alto índice de aprovação popular, como por exemplo a sua reeleiçao com 76,16% dos votos. Como avalia esses números?
LUCIMAR CAMPOS: Me sinto ainda mais estimulada e determinada em continuar trabalhando, pois mesmo detendo o poder por vontade esmagadora da população, precisamos de todo o apoio e esforço para mudar as coisas e colocá-las no devido lugar. Não tenho solução para todos os problemas de uma cidade do tamanho de Várzea Grande, mas não me faltou e não me faltará em nenhum momento desta caminhada determinação na busca do que for melhor para o conjunto da população. Podem ter sempre a certeza dos meus esforços para fazer diferente e no sentido de melhorar a vida de todos.
MH: Qual o maior desafio hoje em Várzea Grande?
LUCIMAR: Encontrar soluções para os problemas existentes, pois, temos uma cidade que cresce sua população uma média de 7% ao ano, então consequentemente a demanda por mais saúde, mais educação, mais segurança e obras sempre serão maiores e para enfrentar isto são necessários recursos públicos que a cada dia que passa estão mais escassos por causa da crise econômica. Acredito que o maior problema de nossa cidade e que deve ser o mesmo que Cuiabá é a segurança pública e mesmo não sendo competência da administração municipal, temos a Guarda Municipal que é essencial e fundamental para toda a cidade e sua gente. Ou nos unimos todos na construção de soluções definitivas para os problemas ou continuaremos a ter os mesmos problemas de sempre.
“ Para você ter ideia, hoje temos em obras mais de 150 quilômetros de novas ruas e avenidas sendo pavimentadas e outros 70 km sendo recuperados”
MH: O que esperar em termos de obras até o final de sua gestão?
LUCIMAR: Temos muitas obras e em todas as áreas, seja de saúde pública, educacional, social e de infraestrutura, lembrando que todas elas ajudam a valorizar a cidade e as propriedades da população. Para mim todas as obras são fundamentais, pois as necessidades da população têm muitas variáveis, para alguns são importantes se ter mais unidade de saúde e estamos construindo seis Unidades Básicas de Saúde – UBS. Para outros, são as vagas na educação pública e além de estarmos construindo novas Escolas e novos Centros Municipais de Educação Infantil – CMEIs. Já para outros o asfalto é fundamental. Vou eleger as obras do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC de saneamento básico e abastecimento de água como fundamentais, pois elas representam mais saúde, mais qualidade de vida e menos doenças. Mesmo assim, temos encontrado dificuldades em liberar os recursos por parte do Governo Federal. Para você ter ideia, hoje temos em obras mais de 150 quilômetros de novas ruas e avenidas sendo pavimentadas e outros 70 km sendo recuperados, numa clara demonstração do nosso compromisso com a sociedade e com a Várzea Grande. Chegamos em 2015 com duas Unidades de Pronto Atendimento – UPAs paralisadas dentro outras 700 em todo o Brasil e já tiramos as duas do papel e funcionando a pleno vapor na construção de uma saúde de melhor qualidade. No Brasil existem mais de 1.000 Centros Municipais de Educação Infantil – CMEIs com suas obras paralisadas, em Várzea Grande temos 16 em obras e vamos entregar todas elas até o final de 2020, criando até 5 mil novas vagas para a educação infantil. Estes são exemplos de como imprimimos um ritmo diferenciado e de resgate do poder público em nossa cidade.
MH: Uma das obras que sempre se cobra em Várzea Grande é uma rodoviária. O falecido ex-deputado Nico Baracat falava muito nisso… tem algum projeto? Essa obra pode sair?
LUCIMAR: Essa é uma cobrança que insistentemente nos é feita por um segmento da sociedade de nossa querida Várzea Grande. Diante da falta de recursos públicos, ficamos sem condições de implementar uma rodoviária. Mas isto não nos impediu de buscar soluções, tanto que está previsto no Plano Plurianual – PPA, de nossa gestão uma Parceria Público Privada – PPP para juntos com a iniciativa privada atendermos essa reivindicação que é importante. Já recebemos pelo menos cinco grupos diferentes de empresários interessados em investir recursos privados em parceria com a administração municipal na construção de um Terminal Rodoviário e sua posterior exploração. Inclusive esses grupos já executaram e administram obras neste sentido, como em Goiânia que se tornou um Shopping Center com lojas e outros tipos de serviço. Acho que até por uma questão de prazo não será possível a construção do Terminal Rodoviário, mas tenho convicção de que deixaremos essa questão no que diz respeito às obras e a PPP definida.
Posse: Lucimar Campos, vice José Hazama, e Senador Jaime Campos.
MH: Seu grupo político, liderado por seu esposo, senador Jayme Campos, ensaia vários nomes para sucedê-la… como será o processo de escolha do candidato do grupo?
LUCIMAR: Eu considero este processo como natural, ou seja, a eleição tem seu tempo para iniciar o processo sucessório e as definições que acontecerão, pois tem que se respeitar a vontade da maioria. O princípio da democracia é respeitar a vontade da maioria e tenho convicção de que a população de Várzea Grande saberá escolher bem seus futuros governantes, não cedendo mais às promessas vãs e sem consistência, pois este erro foi recente e os resultados estão aí. Já quanto à questão partidária, o Democratas (DEM) é uma sigla forte, de consistência e de história e saberá escolher o melhor caminho para atender não seus anseios enquanto partido, mas o que for melhor para Várzea Grande e para sua gente.
MH: Lucimar Campos tem alguma preferência?
LUCIMAR: Minha preferência é por respeitar a vontade da maioria e para que essa maioria escolha o melhor nome, aquele que vai dar continuidade a este processo de evolução que Várzea Grande está vivendo desde 2015 quando assumimos, após mais de uma década de atraso e desmandos. Temos ótimos nomes e todos capazes de manter os compromissos na busca de uma Várzea Grande melhor para todos.
MH: A sra. avalia a possibilidade de deixar o cargo para seu vice, viabilizando algum outro possível projeto eleitoral?
LUCIMAR: Para mim em política tudo é possível, desde que respeitada a lei e a vontade da maioria. O mandato me foi concedido pela vontade da maioria de quase 100 mil eleitores, assim como foi dado ao meu vice-prefeito, José Hazama. A questão eleitoral terá que ser discutida e debatida, pois o eleitor precisa estar ciente e atendido em nossas atitudes, então o que vai acontecer depende do partido e da população e não apenas de mim ou do meu vice que é um grande nome e teria condições sim de ser um bom prefeito, assim como outros nomes como do vereador Chico Curvo, do secretário Kalil Baracat e do secretário de Estado, César Miranda. Mas podem surgir outros nomes e outras opções.
MH: Como avalia a administração Bolsonaro?
LUCIMAR: Como gestora pública, sei o quanto são difíceis os primeiros meses e porque não dizer anos, de uma gestão pública. São muitas responsabilidades a serem enfrentadas, são muitas decisões a serem tomadas e principalmente muitas cobranças, por isso, sei e reconheço que neste primeiro momento o presidente Jair Bolsonaro conta com o apoio e a confiança da população, pois foi eleito pela maioria. Agora os compromissos assumidos por ele e sua equipe devem e precisam ser cumpridos, pois as expectativas da população são enormes e a necessidade também, por isso, acredito que ele tem todas as chances de acertar e cumprir, pois a cobrança vai continuar, vai aumentar e o julgamento será nas próximas eleições, pois o político eleito, a cada mandato vencido tem que enfrentar as urnas e a vontade popular.
MH: E a administração Mauro Mendes?
LUCIMAR: O cenário não se altera. A crise é generalizada e assim como o presidente da República, o governador Mauro Mendes também assumiu agora e em uma condição de extrema adversidade. São nestes momentos que precisa se ter criatividade e credibilidade para enfrentar os problemas. Veja que na medida do possível e dentro das exigências legais, o governador Mauro Mendes tem enfrentado as adversidades e atendido aos anseios da população. Governo infalível não existe, e erros são comuns quando se tentar fazer uma gestão pública resolutiva, mas o importante é continuar tentando, ouvindo a todos e procurando soluções para as adversidades.
“Família é tudo nesta vida. Primeiro nossos pais e antes deles nossos avós, tios. Depois, marido, filhos, netos”
MH: Algum sonho não realizado?
LUCIMAR: O de não poder fazer mais por Várzea Grande, por sua gente, por Mato Grosso e pelo Brasil. Mais do que ser prefeita sou uma cidadã consciente e certa de que temos que dar o melhor de nós pelo nosso país, por nossa gente. Todos temos direitos, mas também temos obrigações a serem cumpridas na construção de uma vida melhor para todos, por isso vivemos em comunidade. Amanhã quando eu estiver fora de uma função pública, me delegada por vontade popular, vou continuar com minhas obrigações enquanto cidadã e trabalhando por uma vida melhor para todos.
MH: Qual a importância da família na vida de uma política com o seu perfil?
LUCIMAR: Família é tudo nesta vida. Primeiro nossos pais e antes deles nossos avós, tios. Depois, marido, filhos, netos, enfim, família nos estimula a sempre procurar o bem comum e a compreender os desígnios de Deus e do destino em nossas vidas. Acredito que todos viemos com uma missão e temos que fazer dela o melhor possível.
MH: Qual a sua relação com esportes, tem alguma preferência por algum time de futebol?
LUCIMAR: Tenho afinidades com os esportes por entender que ele faz parte de uma sociedade mais saudável, e permite que as pessoas possam interagir e conviver de forma mais harmônica. Nos últimos tempos como me dedico em tempo integral à administração pública, tenho torcido pelo Operário de Várzea Grande, pois ele faz parte da história da cidade e isto estimula os moradores. Tenho simpatia pelo Corinthians de São Paulo, já que nasci no interior de São Paulo e como todo bom brasileiro torço muito pela seleção brasileira, sempre convicta de que o esporte promove as pessoas, abre perspectivas de futuro profissional e nos torna pessoas melhores.
MH: Um desejo para Mato Grosso.
LUCIMAR: De que a esperança nos mova na busca de uma qualidade de vida e temos que ter em mente o nosso papel. Não podemos olhar apenas para nossos direitos, pois temos antes, obrigações e deverem a serem cumpridos. Acredito nesta terra que me acolheu, assim como a milhares de outros brasileiros ou cidadãos do mundo e me sinto muito prestigiada por já ter contribuído para o Estado através do Governo Jayme Campos e agora em Várzea Grande, primeiro como 1ª dama e agora como prefeita. Na medida do possível e de forma humilde, o que eu puder fazer por Mato Grosso, por Várzea Grande, por Cuiabá, pelo meu semelhante, eu farei, pois acredito que unidos conseguiremos vencer os obstáculos e construirmos o Brasil que queremos, o Mato Grosso que precisamos e a Várzea Grande que teremos no futuro.
Fonte: Midia Hoje