“É através do cooperativismo que a gente pode construir outras relações sociais”

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Emilly Firmino

Conheça Sandra Bergamin e seu depoimento em Encontro de Lula com Cooperativas

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

“Eu sou Sandra, sou agricultora familiar, cooperativista do município de Chapecó, Santa Catarina”, assim se apresentou a Integrante da Direção da Cooperativa Alternativa da Agricultura Familiar (COOPERFAMILIAR) e Secretária de Mulheres da Unicafes Nacional, Sandra Nespolo Bergamin. Em seu depoimento, Sandra ressaltou a importância do cooperativismo e a esperança para o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro das cooperativas e do Movimento de Economia Solidária, realizado na última quarta-feira (14).

Sandra defendeu a bandeira de luta que carrega para ampliar a participação da mulher nas cooperativas. “E estou aqui em nome de todas as mulheres cooperativistas, para te dizer que através das políticas públicas construídas no teu governo [Lula], nós, mulheres cooperativadas, construímos um dia a dia melhor. Nós fomos incluídas no sistema. Nós conseguimos ter renda para as nossas famílias. E nós conseguimos continuar vivendo no meio rural com dignidade”.

A cooperada foi uma entre as mais de mil e quinhentas pessoas que estiveram no Galpão do Armazém do Campo, em São Paulo com o objetivo de apresentar os caminhos para o combate à fome e geração de emprego e renda aos brasileiros e ressaltou a importância do encontro. “Lideranças cooperativistas do nosso Brasil constrói uma nova economia, principalmente as mulheres que estão aqui, que acreditam em um país onde a solidariedade ou da inclusão social esteja presente”.

A COOPERFAMILIAR que Sandra integra foi criada em 17 de abril 1995, em Chapecó (SC), através do debate sobre a necessidade e a importância de se ter um instrumento que viabilizasse o trabalho da cooperação agrícola, compras coletivas de produtos e insumos na região Oeste de Santa Catarina.

Este novo instrumento de organização da produção da região se baseia nos princípios do cooperativismo, com bases da economia solidária, no entendimento do movimento da Agricultura Familiar e Camponesa e com vistas ao desenvolvimento do meio rural com inclusão social.

No ano de 2018, a Cooperativa ampliou o seu estatuto para integralização das cotas partes da família (homem, mulher e jovem), e também ampliou a participação nos espaços diretivos da entidade, através da constituição do coletivo de Mulheres e Jovens. “Precisamos retomar isso, e por isso nós estamos contigo. Porque nós acreditamos em um país solidário, numa nova sociedade justa, fraterna, com a equidade de gênero. Por isso nós estamos contigo”, ressaltou Sandra sobre o encontro dom Lula.

Confira o depoimento completo de Sandra Bergamin para o MST:

Nossas experiências vem do objetivo de construir novas relações de trabalho no campo e na cidade, trabalhando a economia solidária e valorizando o trabalho e a organização social dos agricultores familiares.

E nas lutas do cooperativismo solidário, no período em que o presidente Lula estava no governo, nós tivemos o fortalecimento das ações do Estado e, a partir desse fortalecimento, o cooperativismo também se encontrou através das políticas públicas como PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], no PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar], no Pronaf, que são políticas públicas estruturantes para o meio rural.”

Plataforma

“Nós do cooperativismo solidário, enquanto o Unicafes e Unicopas, construímos um documento, uma plataforma onde apontamos todos os pontos fundamentais para podermos ter um Estado forte e, a partir disso, construir ações de inclusão social. As propostas que trabalham uma outra relação, de uma outra sociedade. E nós queremos construir uma outra sociedade, não esta que está aí, capitalista, que exclui, que discrimina, que desvaloriza, que vende as estatais.

Nós precisamos de um Estado que vem ao encontro das necessidades do povo, porque nós somos a classe trabalhadora e nós precisamos de um Estado forte, propulsor, que venha contribuir nessas ações. E é através do cooperativismo que a gente pode construir outras relações sociais.

Esse é um momento divisor de águas, aonde nós vamos apresentar, como lembrou o presidente Lula, uma plataforma do setor do cooperativismo popular e solidário brasileiro, diferenciado do cooperativismo tradicional, porque esse cooperativismo tradicional não constrói novas relações, não constrói a inclusão. Nós construímos a inclusão e precisamos ter políticas que venham de encontro a essa população.

Perspectivas

A todo momento estamos construindo ações de formação, porque nós acreditamos que é através da formação que as pessoas mudam, que as pessoas se transformam e as pessoas se transformam em seres melhores. A todo momento, continuamos trabalhando com os nossos cooperados neste processo de formação e de inclusão, e através disso nos mantemos organizados.

Mesmo frente a toda essa exclusão desse desgoverno, nós conseguimos manter o nosso povo, com os princípios do cooperativismo solidário, e é através desta união que nós vamos continuar no processo organizativo e continuar avançando nas ações que a gente tem construído.

O que a gente sente é que precisa mudança. A forma como que está não dá para continuar. Está tendo uma descapitalização do meio rural. O êxodo rural voltou, a cooperação está deixando de existir, e este é um momento importante que vai decidir o futuro, o nosso trabalho. Nos momentos de campanha, quando a gente dialoga com a nossa base, vemos que todos têm essa compreensão de que precisamos mudar, de que Lula resgata esta esperança a nível nacional e que é possível construir um novo país, um país melhor, um país inclusivo, um país forte, retomar a economia, a serviço da população e não a serviço de uma elite. É a partir disso que a gente vem construindo. E a gente vê no Lula uma esperança muito grande de retomada, e de melhorias no processo organizativo a nível nacional.

*Editado por Solange Engelmann

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