Covid-19 impõe cautela, mas Ibovespa sobe

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Renovadas preocupações com o aumento de casos de covid-19 no mundo, em especial nos EUA, onde o prefeito de Nova York decretou o fechamento de escolas, atenuam o entusiasmo de investidores com avanço de estudos sobre vacina contra a pandemia. As bolsas europeias caem com mais intensidade, se ajustando às perdas na reta final do pregão da véspera nos EUA.

Os índices futuros americanos têm viés de baixa, enquanto o petróleo recua até 0,65%. Já o minério de ferro fechou com elevação de 1,23%, a US$ 127,89 a tonelada no porto chinês de Qindgao, fonte de impulso para as ações da Vale ON (0,72%).

Já os papéis da Petrobras PN (-0,42%) e ON (-0,58%) cediam às 10h44, limitando a alta do Ibovespa (0,26%, aos 106.495,24 pontos).

Após a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego, que subiram 31 mil, para 742 mil, na semana nos EUA, ante previsão 710 mil, o Ibovespa desacelerou a alta, assim como NY acentuou a queda, reforçando a cautela de investidores.

Ainda que o número de pessoas infectadas pelo coronavírus esteja aumentando no mundo, o que deixa dúvidas sobre a retomada econômica, Bruno Takeo, gestor da Ouro Preto Investimentos, pondera que o fato de as autoridades e a área médica terem mais conhecimento sobre a pandemia tende a limitar os efeitos sobre as economias. Neste sentido, pode reduzir possíveis quedas na B3 nesta quinta-feira, quem sabe até evitando recuo.

Ontem, lembra, algumas ações como do setor de consumo e de shoppings caíram, assim como as do setor financeiro. “Pode ter uma correção. Sofreu bem com a possibilidade de medidas restritivas. Talvez subam reagindo à expectativa de que não seja necessário implementar ação que limitante tanto o convívio social”, avalie.

O número de casos também segue avançando na Europa e no Brasil, principalmente em São Paulo, onde, para conter o espalhamento, há relatos de que algumas escolas particulares suspenderam aulas presenciais e hospitais estão lotados.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde diz que não é hora de endurecer as restrições para o controle da pandemia, mas somente quando houver alta consistente no número de mortes, segundo relatos feitos ao Estadão por técnicos que acompanham as discussões.

“O avanço de casos em algumas regiões do País deixa um alerta, mas acredito é preciso ficar ainda mais atento a eventuais comunicados dos governos estatuais e municipais. Na esfera federal, apesar do reconhecimento de que a situação é ruim, de possibilidade de segunda onda, não foram adotadas medidas tão restritivas. Isso aconteceu mais em governos locais e pode voltar a ser adotado”, observa Takeo.

Hoje, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, manifestou preocupação em discurso ao Parlamento Europeu com o aumento de casos de covid-19 pelo mundo e seus efeitos sobre a atividade econômica. Ela reforçou que a instituição permanecerá dando apoio à recuperação da região. Conforme Lagarde, as notícias sobre vacinas são encorajadoras, mas o crescimento de casos do novo coronavírus apresenta um desafio.

Em meio a essa preocupação, a questão fiscal no Brasil continua a incomodar o mercado, apesar da presença massiva do investidor estrangeiro na B3. Este mês não houve ainda retirada, com o ingresso atingindo R$ 22,659 bilhões. “Isso tem sustentado o índice, mas é dinheiro de curto prazo. O importante é ver como ficará a agenda de reformas, o que atrai recurso de longo prazo”, diz Takeo.

A situação fiscal brasileira vem chamando a atenção e, ontem, a Fitch alertou que a não aprovação de reformas fiscais em 2021 colocarão pressão negativa sobre os ratings do País.

Por Maria Regina Silva
Estadão Conteúdo – São Paulo

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