Jordano foi promovido e saiu da tranquilidade do interior, onde morava, e hoje ocupa um super apartamento em um bairro luxuoso na maior cidade do Brasil.
Débora após o sonho de ter um filho, abriu mão da carreira bem sucedida de arquiteta para cuidar da casa e da educação dos pequenos.
Marli deixou seu marido e filho, e veio do interior em busca, segundo ela, do seu maior sonho: se formar em direito e ser juíza.
Douglas lançou o tão sonhado livro, se tornou referência como palestrante e nessa rotina de tantos compromissos deixou para trás o amor da sua vida.
O que eles têm em comum?
Solidão!
Em prol de um “sonho” eles sacrificaram demais áreas da vida, que hoje entendem que seriam inegociáveis a tal ponto.
Um sonho realizado e um buraco no peito que o rasga a toda lembrança do que deixaram para trás.
Aquilo que acreditaram que era o motivo da realização plena foi um erro, e o que resta agora é o aprendizado. Fruto de decisões desequilibradas, embasadas naquela famosa frase: No final dá tudo certo!
Sem a análise do que poderiam perder colhem resultados vazios que geralmente na impulsividade e calor da emoção, não são analisados no momento da decisão. Pois tudo envolve perdas.
É muito importante que você veja se está de bem com perdas antes de vivê-las na prática e dizer: “Mas eu não sabia que seria assim!”.
Seu cérebro é para ser usado meu amigo, sua inteligência emocional precisa ser desenvolvida.
Reflita: Os ganhos que você terá após o sonho conquistado, farão você se orgulhar dos sacrifícios que fez ou irá se arrepender?
Muitas vezes nos arrependemos porque estávamos em prol de uma felicidade ilusória. Descontextualizada.
Analise o contexto e nunca se esqueça de incluir os amores da sua vida, pois sem eles talvez suas vitórias fiquem ocas, sem sentido.
Por outro lado, vou contar a vocês a grande lição de um homem chamado João Vicente. Há um tempo ele tomou uma decisão, bem diferente dos personagens citados no início desse texto. Foi julgado como insano, vítima de julgamento e decepções, porém João sabia o que fazia, ele é um desses caras que atingiu um nível de maturidade raro – posso dizer assim, já algum tempo caminha aquela jornada que tanto falo a vocês, a do autoconhecimento, e assim, com toda essa bagagem, na época havia analisado o contexto e por maior que fosse a pressão externa, seu coração estava leve.
João Vicente devido aos seus resultados havia sido convidado a assumir o cargo de diretor geral da empresa. Ele sabia da sua competência, porém não teve como não se surpreender quando recebeu o chamado.
Os olhos de João brilharam, que reconhecimento! Ele de alguma forma já exercia muitas atividades da função, o que justificava o convite. Imagine só ter acesso a avião disponível para suas viagens às empresas do grupo espalhadas pelo Brasil, motorista particular para si e sua família, um salário que mudaria sua vida, morar naquele palácio no melhor condomínio da cidade era realmente de balançar qualquer um.
Após duas semanas passadas – João recusa o convite!
“O cara é louco!” – dizia um colega.
“Gente ele já trabalha praticamente hoje na função, ele só teria que viajar mais…”- comentários de corredor.
“Acho que ele ficou com medo de não dar conta” – outros davam opinião.
Mas João sabia. Após profunda reflexão, ele pode compreender que aquele não era o momento. João estava casado a menos de dois anos, com um bebê pequeno em casa. Ali percebeu que aceitar o novo cargo e entrar em uma rotina de viagens, nas quais ficaria até 20 dias fora, seria muito para ele e também para sua esposa, que estaria em uma nova cidade, distante da família.
Havia aceitado há 30 dias liderar um projeto de resgate de jovens de rua na sua igreja, algo que havia idealizado a alguns anos e finalmente saia do papel.
Pensava: “Agora custa muito caro. Mais caro que todos esses benefícios.”
“Quanto custaria perder minha esposa? Não ver minha filha falar as primeiras palavras, dar os primeiros passos? Como seria sair do projeto agora? Será que ele conseguiria nascer sem o idealizador neste início?”.
Então, João Vicente conclui: “Sem minha família, sem minha igreja, nem eu e nem o cargo irão conseguir se sustentar. É questão de tempo para ser demitido e perder toda a minha história e jornada neste negócio. Não posso aceitar. Ainda não estou pronto”.
Perceba que não se tratava de estar pronto profissionalmente, era inquestionável sua competência para todos da empresa. Ele não estava pronto em outras áreas da vida para lidar com os sacrifícios que o cargo exigia.
Afinal, como disse a vocês, nem tudo são ganhos, em todas as escolhas, objetivos e sonhos da vida haverá sacrifícios.
A questão é: o que estou sacrificando, vale a pena? Já que pode tomar um caminho sem volta.
Quero chamar sua atenção quando estiver definindo suas metas, quando tiver que tomar decisões sobre sua vida. Perceba o todo e pense sobre o que é mais importante, sobre o que terá que sacrificar.
João foi sábio. Para alguns muitos da época julgado como “louco”, “maluco”, “trouxa”.
Após 10 anos, agora com 25 anos de empresa o convite veio mais uma vez e João junto com sua esposa aceitaram o desafio. O casamento havia atingido maturidade, sua filhinha era uma menina de 10 anos.
O projeto da igreja era um sucesso, e era o momento ideal para que outros pudessem liderá-lo e expandi-lo.
Era o momento.
“Que sorte!”, comentavam alguns colegas.
“Agora ele tem que agarrar, porque o cavalo da oportunidade não passa duas vezes!” – diziam outros mais antigos.
Mas não se tratava de sorte, nem de cavalos. Tratava-se de muito foco, trabalho, paciência e dedicação, desta forma mais uma vez veio o reconhecimento.
Era o momento deste sonho que havia chegado precoce há 10 anos, no tempo ideal de se sustentar de forma equilibrada e com leveza.
João assumiu a presidência da empresa. João é feliz e um exemplo do quanto sua inteligência emocional faz a diferença para ser quem é.
E você? Como está a jornada de conquistas na sua vida?
O que tem sacrificado em prol de seus sonhos? O que você pode perder em prol daquele tão sonhado objetivo? Do que você não abre mão de jeito nenhum?
Talvez antes de se conectar com esses tão sonhados objetivos, verifique quais são as pessoas que você não pode perder.
Verifique o que representa sua paz, o que nela precisa ser preservada para que o sonho caiba sem rompê-la e para que seja no tempo certo.
Há um tempo para cada coisa, e ter consciência disso – é ser sábio.