Neste exato instante, estamos pensando no sistema de saúde atual, em
que os hospitais tanto da rede pública quanto da privada estão no
limite do seu gargalo — ou seja, próximos a sua última respiração:
alguns com suas portas fechadas por estarem com sua capacidade de
ocupação máxima; pacientes à espera de uma vaga em leito de unidade de
terapia intensiva (UTI) enquanto agonizam para conseguir respirar sem
auxílio de equipamentos; municípios onde não existem leitos de UTI;
profissionais de saúde sobrecarregados e cansados de exaustivas
jornadas, que muitas vezes são duplicadas, e ainda desfalcados, pois
colegas adoeceram e em algumas situações foram a óbito pela gravidade
que o vírus da COVID-19 causa nos sistemas corporais. Sim, o sistema
de saúde em muitas regiões do Brasil está em colapso e, em outras,
prestes a entrar nos próximos dias ou semanas.
Esse aumento desordenado na demanda de atendimento faz com que o
Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Ministério da Saúde, amplie
a rede de modo emergencial, para que haja atendimento a demanda.
Aliado à rede SUS, tem-se também a rede privada, que precisa expandir
para atender aos seus segurados, o que em ambas as situações faz com
que ocorra o aumento das despesas e requer um reforço de caixa para as
operadoras de saúde por parte dos órgãos públicos.
Os reflexos da atual pandemia, quando analisados de 6 a 12 meses a
posteriori, faz com que ocorram altas variações nas mensalidades dos
planos de saúde, pois há um maior volume de procedimentos médicos que
foram realizados. Dessa forma, o bolso do usuário, que é assegurado
pela saúde suplementar, sentirá o peso no reajuste. Ainda o SUS
sofrerá forte impacto, pois necessitará reordenar os investimentos,
que poderão ser verbas cortadas de outros setores para a manutenção da
saúde.
Outro ponto de importante reflexão é a força de trabalho. Se mantida
com as condições atuais, com carência de equipamentos de proteção
individual, falta de isolamento para os trabalhadores de saúde,
ambientes insalubres e sem as mínimas condições para o atendimento
necessário que esta pandemia requer. Sim, são eles que estão na linha
de frente de atendimento e quem mais tem risco a exposição ao vírus,
podendo contaminar-se e até mesmo contaminar os seus familiares, e o
maior padecimento é a perda da sua própria vida, reduzindo assim
também o número de profissionais de saúde em todo o território
nacional.
É importante pensarmos em um sistema de saúde pós-pandemia desde o
momento atual, para que melhores medidas “profiláticas” possam ser
tomadas.
Autor: Cristiano Caveião é enfermeiro, doutor em Enfermagem e
coordenador da área da saúde do Centro Universitário Internacional
Uninter.