Durante a 45ª Reunião Ordinária da Cosalfa (Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa), realizada na última semana, em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, teve como um dos assuntos principais das discussões o último foco de febre aftosa descoberto em abril deste ano na Colômbia. O país também teve a oportunidade de apresentar o trabalho executado na região.
Segundo o serviço oficial da Colômbia, foi uma incidência pega em uma vigilância de trânsito de uma carga de animais contrabandeados da Venezuela. O país enviou a documentação para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que acatou e manteve o status à Colômbia de livre de febre aftosa com vacinação. A ocorrência foi registrada como incidência de animal contrabandeado.
A Venezuela se posicionou, informando que há cinco anos não tem foco de febre aftosa, entretanto, o país perdeu o status sanitário em 2017. De acordo com a presidente do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), Daniella Bueno, essa foi a primeira que a Venezuela foi transparente na apresentação de informações do país e expôs a necessidade de ajuda para poderem avançar no programa de erradicação da febre aftosa.
“O serviço oficial venezuelano é considerado muito insipiente, porém foi um grande avanço porque pela primeira vez eles mostraram que não têm deficiência de cadastro e que não conseguem ter um controle de trânsito de animais, além disso, a vacina realizada por eles não passa de 80% de alcance. A Venezuela deu abertura para que o Panaftosa (Centro Pan-Americano de Febre Aftosa) organize uma visita técnica com a presença de profissionais de alguns países no dia 7 de maio”, destacou a gestora.
A Colômbia também se colocou a disposição para receber visitas técnicas.
Banco de vacinas
Outro tema de grande relevância foi a criação do banco de vacinas contra a aftosa, o Banvaco, feita pelo Brasil na reunião da Cosalfa, em abril de 2017, em que o país se colocou à disposição para implantar no território brasileiro. “Foi feita a minuta de criação e está em análise do jurídico. Nenhum país da região manifestou interesse em participar, porém Estados Unidos e Canadá se interessaram em fazer parte”, ressaltou a presidente do Indea.
Segundo Daniella Bueno, o serviço oficial boliviano foi destaque quanto à evolução no programa de erradicação da febre aftosa. “Tivemos a grata satisfação de assistir a evolução do programa da Bolívia, que inclusive teve esse reconhecimento registrado em uma das resoluções da reunião. Conseguiram mostrar avanço no controle de trânsito, vigilância, e de acordo com o programa deles, a vacinação contra febre aftosa deve ser retirada em 2020, um ano antes de Mato Grosso”. Daniella disse ainda que a Bolívia passou por uma mudança de visão e que agora também quer investir em vigilância.
Novo cenário
Diante desse novo cenário do país vizinho, a presidente do Indea foi convidada a participar de uma reunião com o chefe distrital do Senasag (Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Segurança Alimentar), Miguel Angel Barrientos e a profissional de Sanidade Animal, Maria Ericka V. Medrano.
De acordo com Daniella, a reunião com a equipe do serviço oficial boliviano teve o objetivo de discutir ações conjuntas. “Definimos ações de vigilância para febre aftosa e outras doenças de notificação obrigatória na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia, incluindo uma atualização cadastral das propriedades da fronteira do lado boliviano”.
Na ocasião, foram definidas as condições para doação da vacina contra a febre aftosa realizada pelo setor produtivo brasileiro às propriedades bolivianas localizadas na região de fronteira. O Senasag ratificou que as condições para o serviço oficial boliviano validar a vacinação realizada com as vacinas doadas somente serão aceitas se cumpridos os procedimentos de internalização da vacina estipulados no acordo firmado em reunião realizada em Cáceres, no dia 16 março deste ano.
Esse acordo consiste na compra de vacinas em laboratório registrado na Bolívia a serem entregues para a Codefa (Comissão Departamental da Erradicação da Febre Aftosa) em Santa Cruz de La Sierra, que então fará a distribuição para as comissões de San Ignacio de Velasco e San Matías.
Um grupo de trabalho composto com profissionais do Indea e Senasag será formado para se reunir após as etapas de vacinação, para definir as estratégias a serem adotada pelos dois países. A primeira reunião deve ser realizada na segunda quinzena de junho.