Por Jandira Pedrollo* |No dicionário o significado da palavra urge: “Ato de não admitir nem tolerar atrasos: o tempo urge, precisamos sair. Ação de ser urgente, inadiável ou indispensável. Etimologia (origem da palavra urge). Forma Regressiva de urgir”.
A euforia das eleições passou, deixemos as desavenças de lado e vamos trabalhar em prol do que interessa, que é o bem-estar da população. Tenho andado pela cidade e pesquisado sobre a grandiosa e necessária ponte sobre o Rio Cuiabá, que unirá a Av. Palmiro Paes de Barros, região do Parque Atalaia, na capital, à Av. da FEB, e ao aeroporto, em Várzea Grande. Ou seja, passará por regiões maciçamente povoadas.
Pesquisei sobre o Hospital Universitário Júlio Müller, que por sua finalidade e gama de serviços que prestará aglutinará milhares de pessoas em seu entorno, no limite entre Cuiabá e Santo Antônio de Leverger, obra que deveria ter sido legado da Copa de 2014. Outro equipamento de necessidade urgente, uma vez que o atual prédio não comporta mais a abrangência dos serviços.
As duas grandes obras levarão o desenvolvimento para a região sul da cidade de Cuiabá (a mais carente delas), para Várzea Grande, Santo Antônio de Leverger, reforçando o papel da Região Metropolitana. Após a constatação, veio-me a preocupação: Quem está estudando os efeitos dessas intervenções e propondo alternativas para a mitigação dos impactos, que serão muitos?
Com certeza são os órgãos de planejamento dos municípios envolvidos, em especial de Cuiabá e Várzea Grande, e o órgão de planejamento da Região Metropolitana. Com relação à região do Nova Esperança/Pequizeiro, onde está o Hospital, as alterações urbanas serão várias, pois é sede de Distrito e provavelmente o hospital atrairá comércio e serviços variados para a região.
Portanto, serão necessários empreendimentos de apoio como os restaurantes, bares, farmácias, hotéis, mercados e outros. Junto desses, a habitação para os trabalhadores e estudantes, uma vez que lá é hospital escola. O órgão de planejamento urbano municipal já elaborou um Plano Diretor para aquela sede distrital? E Santo Antônio, como se integrará a esse planejamento? O órgão de planejamento metropolitano está acompanhando?
Sobre a nova ponte, já estão providenciando via de ligação entre a Av. Palmiro Paes de Barros e a ponte? Por enquanto essa ligação está inacessível, dessa forma a única possibilidade seria a avenida principal do bairro Parque Atalaia. Mas seria uma insanidade cortar uma comunidade coesa como aquela por uma Avenida de alto fluxo, análoga à Av. Dr. Paraná da ponte Sérgio Motta. Áreas vagas para a implantação são muitas, inclusive há vias planejadas no Plano de Hierarquização Viária de Cuiabá (Lei Complementar n. 232 de 2011).
Novos questionamentos: Os órgãos de planejamento das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande estão dialogando com o da Região Metropolitana? O Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá (IPDU) está estruturado para atender essas demandas? A prefeitura de Várzea Grande dispõe de tal órgão? Sei que o Conselho da Cidade de Várzea Grande é utilizado como órgão de planejamento, mas ele é realmente técnico, um órgão político atuando como técnico ou ainda órgão de participação social?
O órgão de planejamento metropolitano está estruturado para a implantação do Plano de Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá?
Em janeiro, entram os novos prefeitos. No caso de Cuiabá, o prefeito foi reeleito, porém, necessitamos de uma oxigenação na administração. Penso que seria o momento adequado para que fossem promovidas reformas administrativas com o reforço das estruturas de planejamento para que planejemos e iniciemos a execução das cidades de 2030.
*Jandira Maria Pedrollo, arquiteta e urbanista, ex-diretora de Pesquisa e Informação do IPDU Cuiabá.