Por: Alecy Alves |Aprender a andar de bicicleta é coisa da infância, se faz quando é criança ou, no mais tardar, no começo da adolescência.
Certo? Pode até ser que sim, mas não exatamente!
Pedalar está tão em alta que já tem professores de pedal especializados em ensinar adultos e idosos.
E tem gente aprendendo depois dos 50, 70 anos, para realizar o sonho esquecido ou impossibilitado na infância.
Os adultos não chegam a pedalar com aquelas bicicletas de rodinhas.
Aquelas que tanto envergonham as crianças assim que apreendem a dar as primeiras voltas sozinhas. Pedalam em uma bicicleta acoplada ao equipamento do professor.
E nessa etapa da vida, as primeiras pedaladas não precisam vir acompanhadas de joelhos e cotovelos ralados.
Pode até acontecer, porém, é mais arriscado por causa da idade dos alunos. Por isso, os equipamentos de proteção são tão importantes.
E há um para cada parte do corpo – cabeça, joelhos, cotovelos, pés. Mas eles não servem apenas para os mais “vividos”, são indicados para todos que pensam na própria segurança, na hora de sai por ai de bicicleta.
Aos 70 anos e aposentada, a empresária cuiabana Mailene Mendes contou com a ajuda de um profissional para voltar a pedalar.
Com quatro filhos, casa, marido e empresa para administrar, Mailene não encontrava tempo e não priorizava essa prática esportiva.
Ela diz que ficou mais de 40 anos sem tocar em uma bicicleta.
Viu os quatro filhos e os 8 netos apreendendo a pedalar, enquanto ela continuava em ritmo acelerado no trabalho e em família até que… Seu médico, um geriatra, lhe sugeriu a prática do ciclismo como auxílio ao tratamento da labirintite.
A sugestão foi o bastante para reacender na aposentada a vontade de pedalar.
Ela já começou sonhando alto: queria pedalar ao ar livre e por longos percursos. Mailene conta que fez diversas aulas com um professor de pedal, não sabe quantas.
Desde então, em quase dois anos, já fez percurso de até 20 quilômetros.
“Pedalar é liberdade. Quando estou pedalando tenho muita energia, não sei onde arrumo tanta”, diz.
A aposentada garante que reaprender a atividade não só melhorou sua saúde, como tornou o lazer em família mais frequente e divertido.
Filhas e netas agora são suas principais companhias nos passeios de bicicleta.
Personal trainer renomada, aos 50 anos, Silvana Barbosa tinha um sonho: aprender a andar de bicicleta.
Ela já teve algumas aulas, mas ainda não se sente segura para sair por aí pedalando.
Silvana contava que não tinha sofrido nenhum trauma que a fizesse desistir da bicicleta, quando se lembrou de uma passagem da infância: o acidente com o irmão mais novo, Marcioney.
“Ele saiu para pedalar e voltou para casa com um corte enorme em um dos pés, na região do calcanhar.
“Minha mãe teve de correr com ele para a emergência médica. Foi um corte bem grande, precisou de muitos pontos”, recorda.
Ela diz que, na idade escolar, se esqueceu na bicicleta e voltou sua atenção para outros esportes, o basquete, handebol e vôlei. Depois, na faculdade, a academia preenchia seu tempo.
Silvana revela que tinha o sonho de apreender, mas não tomava iniciativa.
E também não sabia que havia professor para ensinar adultos, até que dona Mailene, de quem é personal, lhe contou que estava fazendo aulas de pedal.
Silvana relembra duas situações que a deixaram chateada por não saber andar de bicicleta.
A primeira, no espaço de lazer da Arena Pantanal, quando o namorado teve de alugar um triciclo para que ela pudesse participar do passeio dele com a filha.
Outra vez, no Rio de Janeiro, quando o namorado saiu para passeio de bicicleta na orla com a filha e ela ficou esperando sentada.
Do próximo passeio, diz, vai participar pedalando sozinha.
PROFESSOR DE PEDAL – Para o professor, ou personal bike trainer, é motivo de grande alegria ver tantas pessoas de diferentes faixas etárias buscando aulas dessa prática esportiva e lazer.
Aqui em Cuiabá, um dos pioneiros nessa modalidade de ensino é Sérgio Urel, 46 anos.
Sérgio – ou melhor, “Cachorrão da Bike” – há cinco anos, ensina crianças, adultos e idosos a andar de bicicleta, desde as primeiras pedaladas até longos percursos.
Ele diz que já ensinou promotores de Justiça, juízes, advogados e empresários de todas as idades.
Pessoas que, por medo, não aprenderam na infância e, agora, depois dos 50, 60, 70 e até mais idade, querem realizar o sonho de sair por aí pedalando.
A hora aula custa R$ 150. E se a pessoa já apreendeu e quer praticar regularmente, com o personal bike, duas vezes por semana, sai por R$ 350 a mensalidade.
Se for integrar grupo pedal de longa distância, mas não tem a bicicleta e os equipamentos de proteção individual, também pode usar os equipamentos por R$ 50.
De acordo com Sérgio Cachorrão, na pandemia da Covid-19, a busca por atividades individuais de bike subiu 300%.
E agora, com a redução dos casos e flexibilização das atividades físicas, estão retomando os pedais em grupo.
SERVIÇO – Cachorrão Bike – (65) 98411-9433.