POR: BONIPERTI OLIVEIRA E ANDERSON COLATTO
Atualmente, temos um ambiente PESTAL – Político, Econômico, Social, Tecnológico, Ambiental e Legal em constante dinamismo. Competitivo, turbulento, impermanente, inconstante, caótico, controverso e em rápida mudança.
Nesta perspectiva, pergunta-se como gerir, no agronegócio, a estratégia, o modelo e ambiente de negócios, as competências das lideranças, os modelos de geração e transferência de conhecimento, competências de gestão em um espaço em condições de extremo risco e onde a constante é a mudança nos contrastes e alternativas.
Assim percebe-se, que nos próximos anos teremos uma nova moldura na dinâmica do agronegócio mundial. Diante de um cenário mundial com novas esferas de poder e alianças estratégicas.
Diversos vetores dinâmicos de incertezas e rupturas podem gerar mudanças propulsoras e restritivas no jogo das nações. Neste contexto observa-se que (1) a urbanização de cidades cresce, (2) a mudança tecnológica acelera, (3) os desafios de um mundo em envelhecimento populacional aumentam, (4) os fenômenos climáticos intensificam-se, (5) o movimento internacional de imigiração se diversifica, (6) as epidemias e pandemias se tornam perenes, (7) as plataformas de integração e sinergias globais se transformam em blocos regionais, (8) ocorre o declínio do estado nação e a decadência ou decomposição do homem público, (9) e a desilusão dos jovens por não terem caminhos, transformam as oportunidades futuras devido à perda da confiança nas instituições económicas e políticas.
EVENTOS CRÍTICOS:
Nestes cenários ambíguos temos uma nova dinâmica entre os elementos de competitividade e cooperação que definirão o futuro dos mercados do agronegócio. Destacamos a seguir a existência de eventos críticos para o desenvolvimento global. Estes eventos, serão importantes para definirmos onde estaremos em 2050.
1 – O fator República popular da China versus Estados Unidos, seus atritos, sinergias e convergências, seus assuntos domésticos e externos, suas ambições, elementos e competitividade geopolítica.
2 – O fator Comunidade Econômica Europeia e o financiamento de sua recuperação econômica.
3 – Recuperação ou um novo renascimento do papel dos bancos centrais e agentes financeiros em base a novos critérios e indicadores de ASG/ESG – Ambiental, Social e Governança. “Environmental, Social, Governance”.
Quais são os critérios (ASG/ESG)?
3.1 – Conjunto de padrões para as operações financeiras que instituições públicas e privadas socialmente conscientes usam para selecionar os investimentos potenciais.
3.2 – Os critérios ambientais consideram as políticas públicas e o desempenho de uma empresa como zeladora da natureza.
3.3 – Os critérios sociais examinam como ela gerencia os relacionamentos com funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades onde atua.
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3.4 – A governança lida com a liderança da empresa, remuneração de executivos, auditorias, controles internos e direitos dos acionistas. Governança, conformidade, integridade e transparência impulsionada pelos marcos regulatórios, acordos comerciais e os consumidores.
4 – Macrotendências multilaterais, globais, regionais ou nacionalismo exclusivista. Assim como, ciberataques, armas de destruição em massa e ataques terroristas.
5 – Fenômenos climáticos (secas, tempestades, enchentes, deterioração do solo, aumento do nível do mar) amplificam os conflitos sociais, criam desordem, aumentam imigração e geram crises nos sistemas de saúde. As mudanças climáticas, em geral, impactarão o setor agrícola e aumentaram a incerteza das previsões.
6 – PROBLEMA CENTRAL:
Segundo o relatório “Megatendências no setor agroalimentar do Parlamento Europeu”
Em 2050, o setor agroalimentar deve gerar 50% mais alimentos e rações devido ao aumento da demanda, que é gerado por vários impulsionadores principais:
A produção e o consumo de produtos agrícolas serão afetados por uma população global crescente, que aumentará para quase 10 bilhões de pessoas em 2050, cerca de 35% nas próximas três décadas, especialmente no Sul da Ásia e na África Subsaariana. O crescimento populacional deverá ocorrer nas áreas urbanas, resultando em 70% da população vivendo nas cidades até 2050. Ao mesmo tempo, haverá apenas um aumento estimado de 4% no total de terras aráveis disponíveis;
7 – A introdução de novas tecnologias pode aumentar potencialmente a produção mais do que a expansão de terras (espera-se que as soluções tecnológicas aumentem os rendimentos em 30%). Agricultores e produtores estão utilizando tecnologia para atender à crescente demanda por alimentos. A maneira de otimizar a produção de insumos variáveis é por meio da agricultura de precisão.
O desafio é alimentar de forma sustentável uma população em rápido crescimento sem prejudicar o meio ambiente;
8 – Indicadores para os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030.
9 – Aumento das tensões geopolíticas: COVID-19 impacto e consequências, Comércio Internacional, Intensidade de Capital. Os riscos e consequências da fragmentação política, social e aumento das desigualdades e dignidade econômica.
10 – Crescentes divisões e desigualdades digitais e a adoção de tecnologia representam preocupações. O processo de interação e transformação digital de humanos no e-commerce, educação online e trabalho remoto. A dependência digital, manipulação e supressão de informações, habilidades e competências tecnológicas, lacunas na regulamentação da tecnologia, aceleração rápida da automação ameaçam a inclusão digital.
TENDÊNCIAS E VETORES DE MUDANÇA.
À medida que as dinâmicas alteram o ambiente de negócios, as forças propulsoras e restritivas desafiam seus agentes a pensar as decisões estratégicas, eventos críticos e níveis de prontidão para a se preparar para o futuro.
1 – Aumento do fluxo e intensidade de capital impulsionado pelas AgriTechs no avanço tecnológico, e pelas melhorias de produtividade, eficiência e redução dos custos. Pela agilidade, responsividade, otimização e escalabilidade.
2 – Aceleração e a consolidação estão criando um cenário com crescentes necessidades de capital, as tendências de integração vertical. O que resultará em uma estrutura com 1) grandes players diversificados verticalmente integrados
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e 2) players médios e pequenos produtores especializados que dominam nichos de mercado. Ex: agricultura familiar versus grandes corporações.
3 – Movimento em direção a novos horizontes de investimento, diversificação geográfica, a culturas de valor agregado, novas variedades de produtos e preferências por produtos alimentícios orgânicos.
4 – Em toda a cadeia de valor agrícola, as forças globais de oferta e demanda, os desafios de mão de obra e insumos, levarão ao foco contínuo de investimento em tecnologia e melhorias de processos. Neste sentido, teremos um novo jeito de viver, relacionar e trabalhar.
5 – A China é o principal cliente mundial de alimentos. Incapaz de autossuficiência, a China tornou-se o principal cliente de todas as principais commodities do mundo, que por sua vez está impulsionando a estratégia de BRI – “Belt and Road Iniciative” para se concentrar na produção de alimentos em outros países, tanto para si como para os mercados internacionais. O papel da China como líder em IA e robótica levará a tecnologias apropriadas para um país com terras cultiváveis limitadas.
Dados agrícolas são um pilar do progresso da indústria:
1 – Aplicação Coletiva de Conhecimento.
2 – Informações, métricas e dados capturados, organizadas, analisadas e processadas para predição.
O Investimento em agricultura de precisão permitirá aos produtores coletar, tatar, analisar informações para melhor predição e otimizar as práticas de cultivo – melhorando a eficiência, reduzindo custos e aumentando os rendimentos.
A. Equipamento autônomo: Automação generalizada para melhorar a produtividade e o rendimento das safras – além da redução de custos – A tecnologia de drones também é usada para pesquisar grandes campos, a fim de detectar problemas de forma rápida e eficiente.
B. Aplicação de fertilizantes de precisão: Determinar a quantidade ideal e o tipo de fertilizantes automaticamente por meio de aplicativos de software e aprendizado de máquina.
C. Plantio e irrigação de precisão: usando análise de dados para fazer as escolhas certas de sementes e sabendo a quantidade exata de água a ser aplicada a cada hectare de terra.
D. A indústria de agricultura de precisão pode ser um mercado de US$240 bilhões em 2050.
A SEGURANÇA ALIMENTAR DO PLANETA.
Podemos considerar que o processo agroalimentar do planeta está em ampla transformação e que algumas características que hoje estão disponíveis em pequena escala, serão alternativas para a segurança alimentar do planeta. Como exemplo destacamos:
– A utilização de plataformas de gerenciamento de fazendas, utilização de software como serviços para monitoramento e estimativa de produção;
– A utilização de drones e robôs, Internet das coisas na agropecuária, uso de sensores e máquinas agrícolas inteligentes.
– Gerenciamento de água e a realização de irrigação inteligente e mais sofisticada;
– Avanço tecnológico, baseado na seleção genética de culturas, utilização de drones e mapeamento geoespacial, aplicações de fertilizantes agrícolas com precisão;
– Utilização da Biotecnologia na produção de proteínas sintéticas que replicam o sabor autêntico da proteína animal.
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– Aumento do uso de sistemas de monitoramento de gado baseados em Inteligência Artificial (IA);
– Modernização do processo de empacotamento de produtos – fazendo com que alimentos sejam transportados com maior qualidade e menor desperdício;
– Agricultura familiar chegando à grandes cidades; – Exigência de produção ecologicamente correta em plantas agroindustriais;
Espera-se que a mão de obra do setor agrícola continue em desenvolvimento. Prevê-se ainda que a natureza do trabalho agrícola mude nos próximos anos: isto irá atrair um novo conjunto de perfis profissionais – de conhecimento, técnico e digital.
O desejo de transparência está afastando o comércio dos mercados de commodities tradicionais e caminha em direção a transações online descentralizadas, com a utilização de blockchain e outras ferramentas de compliance para proteger as transações.
As guerras comerciais podem significar uma mudança de acordos comerciais dos atuais blocos comerciais para acordos bilaterais e parcerias estratégicas.
Segundo o Market Analisys Report O tamanho do mercado global de cannabis legal foi avaliado em US $ 24,6 bilhões em 2020 e deve se expandir a uma taxa composta de crescimento anual de 14,3% de 2021 a 2028.
Um dos principais fatores que alimentam o crescimento do mercado é a expansão da demanda por cannabis legal devido ao número crescente de países que adotam marcos regulatórios a respeito. Pacientes que sofrem de doenças crônicas, como Parkinson, câncer, Alzheimer e muitos distúrbios neurológicos, recebem maconha medicinal. A demanda por óleo de cannabis está aumentando rapidamente, especialmente entre os países com maconha medicinal legalizada.
Devido ao início da legalização da cannabis medicinal e recreativa na região, a América do Norte foi responsável pela maior parcela da receita do setor, 91,1% em 2020. O tamanho do mercado legal de cannabis na América do Norte foi avaliado em US $ 30,1 bilhões em 2019 e deve crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 15,5% de 2020 a 2027.
A cannabis é uma tendência real. Essa tendência está focada não apenas em aplicações nutricionais e farmacêuticas e de saúde humana, mas seu potencial de ruptura também como uma alternativa ao álcool.
BRICS PERSPECTIVAS E DESAFIOS
Segundo Valdai discussion club, as vantagens – Agricultura, recursos intelectuais, minerais e naturais, forte base industrial e economia digital – dos países BRICS como as principais economias emergentes do mundo, representam 42% da população total do mundo em 2019, 33.3% do PIB mundial em paridade de poder de compra, 26% da base geográfica terrestre, 19% das exportações mundiais, 16% da importações mundiais, 19%de influxos de investimento direto, 19% de saídas de investimento direto, e a produção agrícola bruta dos países é responsável por mais de 50% do total mundial.
O fortalecimento e o desenvolvimento da cooperação entre os países do BRICS são de grande importância para garantir a segurança alimentar global.
Os países do BRICS desempenham um papel fundamental na luta mundial contra a fome, com foco na produtividade e na utilização eficaz dos recursos. Alguns pesquisadores têm considerado a produção agrícola dos países do BRICS juntamente com fatores energéticos e ambientais e discutido a influência da produção de alimentos, bem como seus obstáculos. A
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cooperação do BRICS em segurança alimentar deve melhorar o mecanismo de cooperação, obter vantagens mutuamente complementares, promover a cooperação em áreas-chave e alcançar um desenvolvimento em que todos ganham.
Pesquisas indicam que os países do BRICS realizaram a segurança alimentar como um todo, mas a taxa de autossuficiência varia muito entre os diferentes países e diferentes tipos de alimentos. Portanto, é necessário estar alerta para os riscos estruturais de segurança alimentar no futuro. Além disso, a cooperação do BRICS em segurança alimentar está começando a ter impactos, com crescente status internacional e enorme potencial de cooperação no futuro. Por exemplo, o índice potencial de cooperação alimentar sino-russa alcançará US $ 72,842 bilhões em 2030.
Várias recomendações para fortalecer a cooperação em segurança alimentar nos países do BRICS podem ser feitas: 1 – Aprimoramento do mecanismo de cooperação em segurança alimentar dos países e promoção da construção do Sistema de Intercâmbio de Informações Agrícolas do BRICS. 2 – Acelerar a promoção da Plataforma de Pesquisa Agrícola do BRICS, promovendo pesquisas conjuntas sobre tecnologias-chave de inocuidade dos alimentos. 3 – Os países do BRICS devem aproveitar ao máximo suas vantagens e promover a cooperação comercial baseada na complementaridade de recursos e produtos alimentícios. 4 – Os países do BRICS devem melhorar a qualidade, a competitividade e a adaptabilidade do sistema de abastecimento de alimentos do BRICS de uma perspectiva global.
A sustentabilidade do setor foi uma das principais considerações da Nona Reunião de Ministros da Agricultura do BRICS, realizada em setembro de 2019. Durante o encontro o grupo concordou em desenvolver planos operacionais para atender às metas e objetivos da plataforma de pesquisa agrícola buscando o aumento da produtividade usando menos terra e insumos.
A declaração registrou o compromisso de melhorar a eficiência por meio do aumento da produtividade e da redução de custos, e de expandir o uso de sistemas integrados e sustentáveis de produção vegetal e animal, para aumentar o uso da agricultura de precisão, irrigação e elementos da agricultura digital.
O grupo também se comprometeu a apoiar tecnologias amigáveis ao meio ambiente, que buscam a redução da perda e do desperdício de alimentos por meio do desenvolvimento de embalagens, técnicas de armazenamento, manuseio, transporte, processamento, estrutura regulatória, campanhas de conscientização, banco de alimentos e outras estratégias aprimoradas. Ainda foi reafirmado o potencial para apresentar mais oportunidades e aumentar nossa colaboração nas áreas de produtividade alimentar. Isso pode ser alcançado por meio de boas práticas agrícolas, desenvolvendo a agricultura digital e cadeias de valor para uma melhor comercialização agrícola com melhor renda para os agricultores.
ENERGIA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Os intensos fenômenos climáticos trazem consigo a necessidade disruptiva de uma nova moldura da cadeia produtiva, nas condições futuras da produção agropecuária, no que se refere a sustentabilidade, disponibilidade, e estabilidade do abastecimento alimentar. Assim como, a conscientização das perdas, dos seus efeitos no aquecimento global, das altas emissões de gases de efeito estufa e da necessidade de adotar padrões de consumo mais sustentáveis.
As projeções para 2050 sugerem o surgimento de uma crescente escassez de recursos naturais para a agricultura. A competição intensificada por esses recursos pode levar à sua superexploração e uso não sustentável, degradando o meio ambiente e a criação de um
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ciclo destrutivo pelo qual a degradação de recursos leva a aumentando a competição pelos recursos disponíveis restantes, desencadeando degradação adicional.
Para milhões de agricultores, silvicultores, pastores e pescadores, isso poderia criar barreiras intransponíveis para melhorar sua meios de subsistência e como escapar da pobreza. Embora a agricultura em nível global tenha se tornado mais eficiente, nas últimas décadas, a competição por recursos naturais se intensificou devido aos padrões de consumo impulsionados principalmente pelo crescimento populacional, mudando padrões alimentares, desenvolvimento industrial, urbanização e mudanças climáticas.
Globalmente, 33% das terras agrícolas do mundo são moderadas ou altamente degradadas. Em geral, a degradação do solo é um impedimento para a realização da segurança alimentar e redução da fome. Globalmente, restam poucas oportunidades para mais expansão da área agrícola. Além disso, grande parte da terra adicional disponível não é adequada para a agricultura. Trazendo essa terra para a agricultura a produção acarretaria pesados custos ambientais, sociais e econômicos (FAO, 2014).
PERDAS E DESPERDÍCIOS DE ALIMENTOS SÃO CADA VEZ MAIS UMA QUESTÃO AMBIENTAL
A necessidade urgente de abordar as mudanças climáticas e tornar os sistemas alimentares mais ambientalmente sustentável impulsionou a questão das perdas e desperdício de alimentos para a vanguarda. As perdas e desperdícios de alimentos têm impactos ambientais negativos. Quando o alimento é desperdiçado, também o são a água, o solo, a biodiversidade e outros recursos naturais e insumos que foram usados para produzi-lo e movê-lo através da cadeia de abastecimento.
Estudos estimam que o setor agroalimentar representa atualmente cerca de 30 por cento do total mundial de consumo de energia, e que a energia embutida nas perdas globais de alimentos é 38% da energia final total consumida por toda a cadeia de abastecimento alimentar. Isso significa que mais de 10 por cento da energia total consumida no mundo é para a produção e distribuição de alimentos perdidos ou desperdiçados.
Têm sido feitas tentativas para quantificar o ambiente global impactos de perdas e desperdícios de alimentos, especialmente com relação ao efeito estufa.. Segundo uma estimativa, as perdas e resíduos alimentares são gerados todos os anos mais de 3,3 gigatoneladas de equivalente de dióxido de carbono (FAO, 2013), igual às emissões anuais combinadas de dióxido de carbono do Japão e da Rússia.
Para reduzir as perdas de alimentos é necessário o redesenho das cadeias de abastecimento e a introdução de tecnologias sustentáveis. Também é necessário o aprimoramento dos modelos de varejo e tornar os sistemas alimentares mais eficientes em termos de energia e indiretamente reduzir as emissões.
O AUMENTO DO VALOR DOS CRÉDITOS DE CARBONO PODE MUDAR A ECONOMIA MUNDIAL?
As árvores cobrem 31% da superfície terrestre mundial, o equivalente a pouco mais de 4 bilhões de hectares. As florestas do mundo compensam o equivalente a 40 gigatoneladas(Gt) de CO2 anualmente, isto é aproximadamente igual às emissões anuais de CO2 de combustíveis fósseis. Assim, estima-se que o valor atual da área florestal do mundo teria um valor combinado de cerca de US$ 1,6 trilhões.
O preço atual de uma tonelada de CO2 é de aproximadamente US$25 por tonelada. Ao preço do carbono que será necessário para reduzir as emissões o suficiente para limitar os aumentos de temperatura a 2 graus, o valor
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aumentado dessa área florestal seria mais de 2,5 vezes maior.
Seguindo essa lógica, caso isso ocorra, a forma do poder econômico global mudaria se o valor das áreas de floresta aumentassem 2,5x. Se refletirmos o benefício anual das áreas florestais do Brasil, em teoria, a renda per capita do Brasil aumentaria para cerca de US$25.000, ultrapassando países produtores de petróleo como a Arábia Saudita.
Sem as florestas do mundo, o clima estaria em muito pior estado. Nesse contexto, seria errado o Brasil cobrar pela manutenção de nossa floresta amazônica.? Será que os Europeus perceberam antes de nós que terão que pagar por algo que sempre lhes demos de graça?
NOVO PADRÃO MENTAL MUNDO VUCA/RISC
Condutores
Demandas
Volatilidade
Vibrante
Visão
Incerteza
Irreal
Compreensão
Complexidade
Louco
Clareza
Ambiguidade
Surpreendente
Agilidade
RISC:
Resiliência
Paciência, perseverança, persistência
Informação
Precisa, Concisa, qualificada, verificada e de qualidade
Simplicidade
Desprovido de complicações, sem toxinas desnecessárias.
Consistência
Corpo homogêneo, coerente, firme, compacto e resistente entre os seus elementos.
Quem inventou:
O United States War College apresentou esse conceito no relatório de 1998 “Training and educating army officers for the 21st Century: Implications for the United States”. Após a Guerra Fria, houve a percepção de que o mundo estava multilateral, definido por volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.
Para que serve:
Para adequar e mudar a forma de abordagem das áreas de liderança e gestão em organizações sob o risco de perderem o efeito e a relevância. Assim, ir de encontro aos desafios e oportunidades, ruptura e inovação com nova padrão ou maneira de pensar e agir.
O QUE É:
VOLATILIDADE
– Alterações e variações na dinâmica do ambiente cada vez mais acelerada.
– Volatilidade, inconstância, incerteza e nada permanente, muda constantemente.
– Eventos imprevistos e de duração incerta.
– Sofre constantes alterações no percentual de mudança e velocidade.
ABORDAGEM: (Visão)
– Reestruturação ágil e visão compartilhada.
– Desenvolva força tarefa de assalto, equipes multifacetadas e especialistas.
– Construir soluções e ações apropriados para lidar com a complexidade.
– Clareza de objetivos e norte bem estabelecido.
– Alinhamento sobre a visão de mundo.
– Veja as oportunidades nas disrupturas.
– Agir rapidamente frente ao inesperado.
– Buscar mudanças.
– Senso de direção, de propósito e intenção
INCERTEZA
– Falta previsibilidade de cenários futuros.
– Interações e relações não lineares no sistema
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de evolução.
– Excesso de dados e metadados a serem analisados.
– Condição ou natureza do que é incerto, incita dúvida, indecisão, imprecisão.
ABORDAGEM: (Compreensão/Discernimento)
– Coletar, interpretar e compartilhar a informação.
– Criar redes de excelência para análise de informação.
– Compreensão ampla e perspectivas diferentes.
– Separar o excesso de informação e conhecimento.
– Ouvir e escutar para entender e atuar com confiança entre colaboradores e clientes.
COMPLEXIDADE
– A análise dos dados do presente enfraquecem a previsibilidade sobre os cenários do futuro. Minerar dados com tecnologia e sensores.
– Os nódulos de informações, suas relações, quantidade e qualidade dos dados não possuem um sistema e organicidade linear na evolução e interação dos fatos no espaço e linha do tempo.
– Conectividade, intersecção, interdependência, interações não lineares.
– Resultados não previsíveis.
– Sem relação direta causa e efeitos.
– De difícil entendimento, confuso, múltiplos elementos, relações de interdependência são incompreensíveis.
ABORDAGEM: (Clareza/Lucidez)
– Reestruturar, criar ou desenvolver força tarefa/equipes de multifacetados e especialistas.
– Construir/viabilizar recursos adequados para lidar com a complexidade.
– Estabelecer áreas de foco chave.
– Flexibilidade, versatilidade e criatividade.
– Aproximação algorítmica.
– Emoldurar e identificar a real intenção da mensagem/narrativa para ter clareza da situação é fundamental.
AMBIGUIDADE
– Ao analisar um evento torna-se difícil estabelecer a relação causa-efeito.
– O sentido de um evento pode sofrer alteração em função das evidências.
ABORDAGEM: (Agilidade)
– Experimente, compreenda causa e efeito, requer
– Desenhe suas experiências para que as lições aprendidas possam ser amplamente aplicadas.
– Estabeleça níveis de prontidão de governança de acordo com a maturidade e usabilidade.
ESTRATÉGIA DA ADAPTAÇÃO
De acordo com o relatório da The Boston consultancy Group “The Most Adaptive Companies 2012 winning in a age of turbulence” usam do princípio da vantagem adaptativa (adaptive advantage) “Empresas adaptativas.” adaptar a novos modelos de negócios.
Empresas adaptáveis podem se ajustar e aprender melhor, mais rápido e mais economicamente do que seus pares, dando-lhes uma “vantagem adaptativa”.
1 – Vantagem de sinal
– Capturar as informações e dados corretos.
– Extrair sinal relevante e agir sobre eles rapidamente.
– Aproveitar esses sinais para reinventar modelos de negócios e reformular o cenário de informações de um determinado setor ou segmento.
2 – Vantagem de experimentação
– Gerar, testar e replicar rapidamente um grande número de ideias inovadoras.
– inovar a um custo e risco baixo.
3 – Vantagem de organização
– Variar o desenho da organização em sistema
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modular.
– Encorajar e aprimorar um livre fluxo de conhecimento e poder.
– Desencorajar princípios que limitam as atividades.
– Estabelecer uma vontade de assumir riscos e aceitar falhas.
– Liderar através da configuração de contexto.
– Sinergia, convergência, colaboração e flexibilidade.
4 – Vantagem de sistemas
– Orquestrar uma rede dinâmica e adaptativa de jogadores com ativos e recursos diversos em direção a metas mútuas.
– Criar valor para todos os jogadores/colaboradores.
– Aproveitar a diversidade e o potencial de adaptação dos ecossistemas de várias empresas.
5 – Vantagem ecossocial
– Gerar valor e obter uma vantagem competitiva alinhando de forma sustentável o modelo de negócios com um contexto social e ecológico mais amplo.
O êxito evolucionário pode ser medido nas espécies mais inteligentes e tecnologicamente avançadas no planeta terra de várias maneiras. A complexidade, a inteligência e a ferocidade não contam muito a longo prazo. Por outro lado, percebe-se que a adaptabilidade e o sucesso reprodutivo são mais importantes.
Diante deste fato, podemos citar alguns organismos resilientes que sobrevivem a diferentes e difíceis situações para viver, fecundar e são versáteis para viver em nosso planeta. Tais como: bactérias, fitoplâncton, formigas, besouros, cupins, grama, baratas, ratos, camelos, água-viva, percevejos etc.
CONCLUSÃO
Diante das vulnerabilidade, incertezas, complexidades e ambiguidades, na jornada do agronegócio até 2050 teremos muitos solavancos, turbulência e trepidação nas macrotendências Políticas, Econômicas, Sociais, Tecnológicas, Ambientais e Legais.
Assim, estes vetores críticos de mudança serão influenciados pelos vários cenários de (1) crescimento demográfico e econômico, (2) evolução dos padrões de consumo, (3) avanço acelerado tecnológico, (4) tendências de multilateralismo, globalização, regionalismo nas relações de comércio (5) Novos modelos urbanos e rurais de zero emissão de gases, baixo carbono, hidrogênio verde, modelos renováveis e sustentáveis, infraestrutura digital de zonas rurais, condomínios e cidades inteligentes, (6) e mudança climática que terão impacto na cadeia de valor do agronegócio, exigindo uma estratégia de adaptação na abordagem dos riscos e desafios de sustentabilidade, segurança jurídica, qualidade, produção, distribuição, venda e consumo, gestão, liderança, políticas públicas inovadoras, marcos regulatórios visionários, antecipadores, emancipadores, atualizados, flexíveis e dinâmicos para uma nova cultura das empresas, em um ambiente em constante mudança, cenários de contrastes e alternativas na busca de uma visão de futuro com inteligência econômica do agronegócio, vantagens comparativas e competitivas entre nações, transformação digital nos cenários de conhecimento com dados e análises preditivas, algorítmicas e de inteligência artificial, monitorando a GEOPESTAL do agronegócio entre o jogo das nações e suas respectivas estratégias e modus operandi.
De acordo com o relatório “Megatendências no setor agroalimentar do Parlamento Europeu” temos os seguintes cenários:
Com base no desenvolvimento desses fatores específicos, quatro cenários contrastantes podem moldar o futuro do sistema agroalimentar:
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CENÁRIO 1
“Pequenos passos, mas nenhum objetivo alcançado”
– Representa a situação usual, desafios da sustentabilidade ambiental e da segurança alimentar não são totalmente enfrentados.
– Nesse cenário, em 2050 o meio ambiente terá se degradado significativamente e a demanda por alimentos não será atendida.
CENÁRIO 2
“Produção em massa a todo custo”,
– Cenário onde os limites dos recursos naturais são levados ao extremo e as ações são realizadas apenas no sentido de produzir mais produção agrícola para fazer frente à demanda de alimentos sem levar em consideração a sustentabilidade.
– Nesse cenário, a segurança alimentar é alcançada às custas das mudanças climáticas e da degradação ambiental.
CENÁRIO 3
“Sobreviventes locais”
– Representa uma situação em que, em todo o mundo, muitos países e regiões se movem no sentido de garantir seu abastecimento alimentar com base na produção nacional ou regional, abandonando o livre comércio global e enfraquecendo as instituições internacionais.
CENÁRIO 4
“Alimentação e sustentabilidade para todos”
– Cenário muito otimista e pró-ativo, várias ações são implementadas para reduzir os impactos ambientais e aumentar a produção de alimentos, a fim de garantir a segurança alimentar e sustentabilidade até 2050.
– A Produção sustentável de alimentos para cerca de 10 bilhões de pessoas não deve usar terras adicionais, salvaguardar a biodiversidade existente, reduzir o uso de água no consumo e gerenciar a água de maneira responsável, reduzir substancialmente a poluição de nitrogênio e fósforo, produzir emissões zero de CO2, e não causam mais aumento nas emissões de metano e óxido nitroso.
CENÁRIO BRASIL
– Alguns fatores formam o cenário Brasil e impactam positivamente ou negativamente o processo de expansão do agronegócio e segurança alimentar da nossa população.
– Distribuição da terra versus Reforma Agrária;
– Garantia de Acesso a alimentação saudável e sustentável;
– Amazônia como fator de disputas ambientais;
– Sustentabilidade dos Sistemas Alimentares;
– Pressão internacional para adequação a protocolos ambientais;
– Participação do Brasil em Blocos Econômicos (MERCOSUL, Acordo com a União Europeia, BRICS, outros);
– Parcerias estratégicas focadas na segurança alimentar do planeta;
– Segurança Jurídica versus Investimentos Internacionais;
– Projeção da venda de commodities no mercado internacional versus desabastecimento e sobrepreço no mercado interno.
A forma com que coordenaremos e gerenciaremos cada um destes cenários, individual e coletivamente, nos dará as ferramentas necessárias para construção da Visão Agro Brasil que teremos no ano de 2050.
REFERÊNCIAS
1 – http://www.agenda2030.com.br/
2 – https://odsbrasil.gov.br/
3 – https://brasil.un.org/pt-br/sdgs .
4 – https://www.pactoglobal.org.br/ods
5 –https://www.learnevents.com/blog/2018/08/03/thriving-in-a-vuca-world/
6 – https://ods.cnm.org.br/agenda-2030
7 – EC (2019), EU agricultural outlook for markets and income, 2019-2030. European Commission, DG Agriculture and Rural Development, Brussels.
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8 – Kirova, M., Montanari, F., Ferreira, I., Pesce, M., Albuquerque, J.D., Montfort, C., Neirynck, R., Moroni, J., Traon, D., Perrin, M., Echarri, J., Arcos Pujades, A., Lopez Montesinos, E., Pelayo, E., (2019). Research for AGRI Committee – Megatrends in the agri-food sector, European Parliament, Policy Department for Structural and Cohesion Policies, Brussels.
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13 https://www.grandviewresearch.com/industry-analysis/medical-marijuana-market
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