A pandemia do novo coronavírus tem causa diversos impactos na saúde coletiva. Entre eles, está a alteração na saúde íntima das mulheres, como mudanças nos ciclos menstruais e aumento dos sintomas da TPM.
Desde o começo da pandemia, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) analisou os impactos da pandemia de covid-19, no Brasil, sobre a saúde mental e o ciclo menstrual de mulheres em fase reprodutiva. Os resultados mostram que 97% das mulheres relataram o surgimento de novos sintomas relacionados à saúde mental e/ou alterações em seus ciclos menstruais (77%).
As mudanças mais citadas foram: alteração no número de dias do ciclo menstrual, número de dias de menstruação, fluxo menstrual, coloração e odor da menstruação, além de apresentarem escapes menstruais (sangramentos fora de época). Além disso, muitas também relataram mudanças na Tensão Pré-Menstrual (TPM) e na libido (que, para a maioria delas, diminuiu).
“Minha menstruação e TPM estão mais intensas”
A cientista social e terapeuta Clélia Maria de Oliveira e Silva (38) relata que sempre teve um ciclo regulado sem o uso de anticoncepcional. “Desde a pandemia muitas coisas mudaram aqui. Percebi uma mudança não só no fluxo, mas toda a TPM, dores e sentir ficaram mais intensas. Sinto que estou mais ansiosa e eufórica”, relata.
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“Sempre fui muito regrada e tinha um fluxo leve, que durava dois a três dias. Minha saúde ginecológica era ok. No primeiro ano da pandemia eu engordei muito (10 quilos) e com isso eu comecei a sofrer com desconfortos em geral.
A consultora esotérica Viviane Juruna (38) conta que também está passando por essas alterações. “Tenho candidíase, meu fluxo aumentou e eu nunca sei o dia que vou menstruar”. Ela está aguardando o resultado de exames para averiguar se isso é realmente um reflexo da pandemia ou algo a mais.
Quem também sentiu a TPM bagunçar as emoções foi a terapeuta corporal holística Bruna Gomes Correia (28), que atualmente vive em Portugal. “Eu sinto que ficou muita coisa (para lidar). Eu tenho cólicas fortes todos os meses, já tive três infecções urinárias e candidíase, coisas que não eram um problema antes da pandemia”, desabafa.
Segundo o ginecologista e obstetra César Patez, não é preciso ter tido uma infecção pelo vírus para notar alterações no ciclo menstrual, uma vez que viver durante uma pandemia já é uma experiência estressante e pesada o suficiente. “Sabemos que isso pode afetar negativamente os padrões de menstruação, alterar a duração dos ciclos, provocando uma TPM mais acentuada e menstruações mais dolorosas”, diz.
Ele também aconselha que mulheres com sintomas a mais de três meses devem buscar ajudar profissional. “Caso a mulher apresente um ciclo menstrual alterado por mais de 90 dias, como ciclos muito curtos, muito longos ou sangramento excessivo, procure um ginecologista o mais rápido possível. Investigar os motivos dessa variação é fundamental para iniciar um tratamento desde o início da doença. Assim, sua saúde e fertilidade ficarão seguras”, completa.