POR: VALÉRIA DEL CUETO
Já tentei de um tudo para voltar á normalidade semanal na escrevinhação. Sem muito sucesso…
É a vontade de continuar firme e forte no propósito que me traz até aqui, numa parte importante de como tudo começou. Várias partes aliás, menos aquela que responde a uma das questões essenciais de quase todos os bons textos.
O “onde” está alterado. Sai a Ponta do Leme para dar lugar à Ponta do Arpoador. Guardadas as devidas proporções, é tudo pedra. Do Leme, do Arpoador…
No más é o retorno à ideia original.
Hoje é sexta-feira, são quatro horas da tarde e estou… na praia.
Temos o onde, o quando e o como. Cadê o porquê? Esse, não sei porque não anda dando tempo para decifrá-lo.
Como a imagem que ilustra a crônica. Foi questão de segundos. Eu disse de segundos! Só deu tempo (olha ele aí) para pegar a Lumix e clicar duas vezes. Entre o abrir a bolsa e puxar o celular para fazer a #xepa, o registro do Instagram, e lá se foi a composição.
Antes de que eu conseguisse armar a câmera o sol saiu detrás da nuvem (ou será que foi a nuvem que correu da frente dele?) e lavou a imagem com seu brilho, tirando o “drama” do contorno da nebulosidade fugitiva.
Assim anda tudo. Muita velocidade para pouca capacidade de absorção.
Claro que nem meu exercício fotográfico, nem a ginástica mental, fazem a mínima diferença para quem está ao redor.
Na pouca areia os vendedores circulam entre turistas e locais dispostos a aproveitarem o dia pós dilúvio. Quinta foi de chuvarada.
Os surfistas não dão a mínima para a sujeira da água do mar. Só têm olhos, braços e pernas para as desafiantes ondulações ainda altas, graças a última ressaca. E tem muitos atletas.
Todos querendo tirar o atraso dos dias em que o mar, de tão mexido, não permitia que ninguém caísse. Não era uma questão só de coragem. Era de formação das ondas. Indomáveis!
A calmaria ainda não chegou, mas já permite o zig-zag nas ondas enquanto para o sul se vê a nova frente fria se aproximando por cima do Vidigal e do Dois Irmãos. Tudo preto para aquele lado.
Uma delícia gastar linhas e páginas descrevendo o paraíso na terra. E em que terra. Nessa mesma, onde o pingo que já foi letra não passa de uma eterna reticência.
Aquela pátria amada que, faz muito, abandonou a gentileza e adotou a violência como ponto de partida para qualquer princípio de conversa(?).
Aquela que sempre já começa… atravessada. Que nem escola de samba, quando a bateria vai para um lado e a cantoria para o outro.
Não há mais tempo para os outros. O que dirá para nós.
Por isso as crônicas andam rateando. Elas se baseiam nos pressupostos de observação, sensação (não necessariamente nessa ordem), pesquisa, análise e dedução amorosa, se possível.
Ah, tá. E a velocidade dos atos e fatos, onde é que fica? Ela deturpa, invalida, desvia as conclusões. Se não por forçar uma depuração artificial e apressada (e, portanto, perigosa), pela desatualização imediata dos dados e parâmetros consolidados para desenvolver o raciocínio dos textos.
O que é, era e não será mais. Num piscar de olhos. Como na foto…