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quinta-feira, abril 25, 2024

Militar da FUNAI é preso acusado de arrendamento ilegal de Terra Indígena

A Polícia Federal prendeu nesta 5ª feira (17/3) o militar reformado da Marinha Jussielson Gonçalves Silva, acusado de intermediar o arrendamento de áreas dentro de Terras Indígenas para pecuaristas. Silva atuava como coordenador regional da FUNAI em Ribeirão Cascalheira (MT) desde março de 2020. De acordo com os investigadores, a área visada pelos criminosos seria a TI Marãiwatsédé; o militar encabeçaria um grupo de servidores da FUNAI que estaria cobrando propina de até R$ 900 mil mensais para liberar 15 arrendamentos de áreas dentro da reserva por proprietários de terra da região. Localizada no nordeste mato-grossense, a Marãiwatsédé é a 4ª TI mais desmatada da Amazônia, segundo o INPE.

A operação da PF, batizada de Res Capta, também deteve o sargento da Polícia Militar do MT Maximiliano Rodrigues de Souza e o ex-PM amazonense Enoque Bento de Souza. O esquema envolveria também o cacique Damião Paridzané, do Povo Xavante; os policiais apreenderam uma caminhonete de propriedade do cacique, avaliada em mais de R$ 365 mil, que teria sido recebida em troca de permissão para exploração ilegal das áreas dentro da reserva. Folha e g1 deram mais informações sobre a ação.

Outra TI alvo de grileiros e criminosos no Mato Grosso é a Piripkura, considerada a porta de entrada da Amazônia Legal, mas com processo de demarcação travado há quase 40 anos. Daniel Biasetto informou n’O Globo que uma área de quase 12 mil hectares dentro da reserva foi leiloada como uma propriedade rural em São Paulo. De acordo com a reportagem, o leilão teria sido realizado por ordem da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de SP no âmbito de um processo contra a construtora Concisa, do Rio Grande do Sul. O leilão foi feito em 9 de fevereiro passado, e o terreno foi arrematado por R$ 4,5 milhões pela ARGR Construtora e Incorporadora. Dias depois, por conta da situação jurídica da propriedade, a empresa desistiu da compra. O caso foi denunciado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato.

Em tempo 1: A líder indígena Maria Leusa Munduruku vive sob ameaças há mais de um ano depois de denunciar a ação de garimpeiros ilegais na região de Jacareacanga (PA). Em maio de 2021 a casa dela foi incendiada por criminosos, o que a forçou a deixar sua comunidade e viver sob segurança 24 horas por dia. “Perdi minha liberdade de morar na minha aldeia. Quando saio para encontros da Associação [das Mulheres Indígenas Munduruku Wakoborũn, presidida por ela] tem que ser com transporte próprio, não posso mais de transporte público. A gente vivia com alimentação nossa, tinha farinha, frutas, peixes, essas coisas. Está muito difícil até para sair para comprar alimentos, pois tenho medo”, desabafou Maria Leusa ao Universa.

Em tempo 2: Ainda sobre o Povo Munduruku, o cacique Juarez Saw Munduruku relatou ao portal Pará Terra Boa os impactos recentes do garimpo ilegal na saúde das aldeias na TI Sawré Muybu. O principal problema está na contaminação por mercúrio, utilizado pelos garimpeiros na exploração do ouro, mas que acaba contaminando o solo e os corpos d’água, além dos alimentos consumidos pelos indígenas. O cacique relatou também um caso de aborto espontâneo no qual o feto saiu com má-formação.

Por ClimaInfo

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